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A Cura Mental . Ellen White

Muito íntima é a relação que existe entre a mente e o corpo. Quando um é afetado, o outro se ressente. O estado da mente atua muito mais na saúde do que muitos julgam. Muitas das doenças sofridas pelos homens são resultado de depressão mental. Desgosto, ansiedade, descontentamento, remorso, culpa, desconfiança, todos tendem a consumir as forças vitais, e a convidar a decadência e a morte.

A doença é muitas vezes produzida, e com freqüência grandemente agravada pela imaginação. Muitos que atravessam a vida como inválidos poderiam ser sãos, se tão-somente assim o pensassem. Muitos julgam que a mais leve exposição lhes ocasionará doença, e produzem-se os maus efeitos exatamente porque são esperados. Muitos morrem de doença de origem inteiramente imaginária.

O ânimo, a esperança, a fé, a simpatia e o amor promovem a saúde e prolongam a vida. Um espírito contente, animoso, é saúde para o corpo e força para a alma. "O coração alegre serve de bom remédio." Prov. 17:22.
No tratamento do enfermo não se deveria esquecer o efeito da influência mental. Devidamente usada, essa influência proporciona um dos mais eficazes meios de combater a doença.


O médico deve educar o povo a volver o olhar do humano para o divino. Em lugar de ensinar o enfermo a confiar em criaturas humanas quanto à cura da alma e do corpo, deve dirigi-lo Àquele que é capaz de salvar perfeitamente a todos quantos a Ele se chegam. Aquele que fez a mente do homem sabe o que ela necessita. Unicamente Deus é quem pode curar. Aqueles que se acham doentes da mente e do corpo têm de ver em Cristo o restaurador. "Porque Eu vivo", diz Ele, "vós vivereis." João 14:19.

Esta é a vida que nos cumpre apresentar aos doentes, dizendo-lhes que, se tiverem fé em Cristo como restaurador, se com Ele cooperarem, obedecendo às leis da saúde, e se esforçando por aperfeiçoar a santidade em Seu temor, Ele lhes comunicará Sua vida. Quando por essa maneira lhes apresentamos a Cristo, estamos transmitindo um poder e uma força de valor, porquanto vêm de cima. Esta é a verdadeira ciência da cura do corpo e da alma.


Fonte: Ellen White, Ciência do Bom Viver, págs. 341, 343, 344.

Entrevista Augusto Cury

Augusto Cury desenvolveu uma teoria sobre o funcionamento da inteligência e construção da mente, a chamada “Inteligência Multifocal”, e aplicou-a aos evangelhos. Resultado: Jesus é o paradigma da boa saúde mental. Psiquiatra, psicoterapeuta, cientista e escritor, Augusto Cury, brasileiro, é o autor da série “Análise da inteligência de Cristo”, cinco livros sobre a personalidade do fundador do cristianismo: “O Mestre dos Mestres”, “O Mestre da Vida”, “O Mestre do Amor”, “O Mestre Inesquecível” e “O Mestre da Sensibilidade” (editados nas Paulinas). De passagem por Portugal, para apresentar o livro “Treinando a emoção” (ver CV de 1-12-04), o Correio do Vouga interrogou Augusto Cury sobre Jesus, “o referencial da saúde psíquica num mundo que convida à depressão”. Por Jorge Pires Ferreira


Correio do Vouga: Como chegou ao encontro com Jesus Cristo?

Augusto Cury: Costumo dizer que eu era um dos maiores ateus à face da terra. Como sou cientista da área da construção do pensamento, tive oportunidade de, durante quase 20 anos, desenvolver uma das poucas teorias mundiais sobre o funcionamento da mente. Em alguns momentos da minha via questionei se Deus não seria fruto das ideias dos homens, da fantasia, do mundo dos pensamentos. Nesse aspecto, fui muito mais crítico do que Nietzsche, que escreveu sobre a morte de Deus, Karl Marx, que considerava a religião como o ópio do povo, Freud, que era um judeu ateu, Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista ateu…

E depois de desenvolver a teoria da inteligência multifocal, uma das teorias mais complexas da actualidade, comecei a investigar as grandes personagens da história: como desenvolveram as suas ideias, como se tornaram grandes pensadores; e cheguei até Jesus Cristo. Comecei a investigar as suas quatro biografias, os chamados evangelhos. E analisei seriamente, detalhadamente, as suas reacções, os seus pensamentos, a maneira como protegia a sua emoção, a maneira como actuou com os discípulos, as suas acções, como navegava nas águas das emoções. Percebi que, do ponto de vista psicológico, é simplesmente impossível o autor humano criar uma personagem com as características que ele teve.


Correio do Vouga: Ou seja, contra o que dizem os ateus, é impossível que Jesus tenha sido inventado.

Augusto Cury: Exatamente. Tive que crer nele. Fiquei profundamente apaixonado pela sua personalidade. Investiguei do ponto de vista científico – e não religioso – os actos de Jesus, como aquele em que Judas o trai com o beijo. Em relação a esse momento, a psicologia e a psiquiatria esperam que uma pessoa profundamente decepcionada e traída reaja sempre sem brilhantismo na sua inteligência, sem raciocínio, como um animal, numa situação de instinto. Mas Jesus geriu os pensamentos, abriu janelas na sua mente, olhou para Judas, fitou os seus olhos e disse-lhe: “Amigo, para que vieste?” Nunca na história uma pessoa traída e prostrada reagiu como Jesus no acto na traição. Ele inclui o seu traidor e dá-lhe até ao último momento uma oportunidade para que pudesse rever a sua história e reescrever os capítulos mais importantes da sua vida.

Sob o ângulo da psicologia, não há dúvida nenhuma que Jesus foi real. Episódios como este não poderiam ser inventados.


Correio do Vouga: Ou seja, contra o que dizem os ateus, é impossível que Jesus tenha sido inventado. Isso levou-o a ser crente? Cristão? Católico?

Augusto Cury: Levou-me a ser um cristão sem fronteiras. Sou muito amigo de muitos padres, no Brasil e fora do Brasil. Também sou amigo de líderes protestantes. O meu desejo é que os meus livros possam ajudar todo o tipo de pessoas, de qualquer religião, até budistas, muçulmanos, ateus… Quem rejeita Jesus Cristo, com tudo o que ele disse e fez, é porque não questionou assim tão profundamente o que ele foi e fez. A minha pretensão, enquanto cientista, é fazer com que a sua personalidade seja um referencial de saúde psíquica. É por isso que muitos padres têm usado os meus livros nas homilias, nos discursos…

Muitas pessoas saem da depressão ou resolvem os seus problemas de pânico e ansiedade com a análise da inteligência de Cristo. Analisar a inteligência de Cristo, sabendo que é impossível escrever a sua biografia, nos moldes que a entendemos, não é uma pretensão desmesurada?

Muitas pessoas disseram que eu fui ousado demais, quando comecei a publicar a série “Análise da inteligência de Cristo”; mas logo que começaram a ler os textos, ficaram profundamente tocados. A psiquiatria, em vez de ficar grande ao pé de Jesus Cristo, fica pequena. A psicologia, em vez de se exaltar, fica pequena. Eu apenas usei as ferramentas destas ciências para analisar a sua personalidade com bastante humildade e respeito. Se fui ousado, é porque toda a ciência tem de ser ousada. O resultado é que as pessoas ficam admiradas e percebem que ele teve o mais alto grau de maturidade, de sabedoria.

Jesus tornou-se um referencial de saúde psíquica que a psicologia nunca teve. Teve uma vida alegre, saudável, estável, gentil, solidária, apesar de o mundo conspirar contra ele.


Correio do Vouga: Acha então que um cristão pode suportar melhor as emoções, o stress, as doenças psíquicas…

Augusto Cury: Exactamente. Jesus foi estudado ao longo dos séculos sob o ponto de vista teológico. Mas ninguém investigou como é que ele protegeu as suas emoções nos focos de tensão, porque é que ele teve todos os motivos para ter depressão e ansiedade, mas foi extremamente saudável, tranquilo e sereno? Por exemplo, quando adolescente, ele pegava no martelo e golpeava os pregos que cravava na madeira. Ele sabia que ia morrer assim.


Correio do Vouga: Quer dizer que ter sido carpinteiro foi uma preparação para a cruz, estava no plano divino?

Augusto Cury: Eu realmente creio nisso. Não foi acidental. Foi um teste para ver se ele suportava o mais alto grau de ansiedade. Há muita gente que pensa que vai morrer de enfarte e está bem de saúde, morrer de cancro e está bem de saúde… sofrem por coisas que não têm. São obsessivos compulsivos. Há milhões de pessoas assim. Sofrem por antecipação. Jesus tinha todos os motivos para esmagar a sua emoção por saber a maneira como morreria, mas conseguiu encontrar poesia no caos, conseguiu abrir horizontes, mesmo quando não havia estrada.


Correio do Vouga: Qual o episódio da vida de Jesus que mais o fascina?

Augusto Cuty: Foi o momento em que Pedro o negava, perto do sinédrio. Jesus estava mutilado e ferido, sangrando, com edemas. Qualquer pessoa, quando sofre um traumatismo, por pequeno que seja, como um corte num dedo, reage, pelo menos num primeiro momento, sem pensar. É o nosso instinto de ser vivo que reage. No momento em que Jesus estava a ser mutilado era impossível ter uma reacção inteligente, sóbria, lúcida, altruísta. Ora, enquanto ele estava ser golpeado fisicamente, Pedro golpeava a sua emoção, negando-o. Na terceira negação, Jesus Cristo consegue, como “Mestre dos mestres”, abrir a sua mente, esquecer a sua dor. Jesus olha para Pedro e Pedro olha para Ele. Os olhares cruzam-se. Nunca na história houve olhar tão lindo como este.

O Mestre e o discípulo, dizendo que não o conhecia, que nunca andara com Ele. Naquele momento, Jesus gritou no silêncio. O olhar foi mais eloquente do que milhares de palavras. Ele disse a Pedro: “Podes negar-me, mas quero dizer-te que te compreendo. Podes negar-me, mas eu nunca deixarei de te amar. Fazes parte da minha história para sempre”. Pedro saiu e foi chorar. Cada lágrima foi um rio emocional, que foi registado no território da emoção.

Pedro começa a compreender a grandeza do seu mestre no máximo do seu erro. A partir daí, Pedro tornou-se solidário e amável e compreendeu a fragilidade dos outros. Jesus, com um olhar, conseguiu ensinar o que as faculdades de psicologia não ensinam durante cinco anos: o ser humano é uma pérola única no teatro da vida, que devemos amar, apesar dos seus erros.

Correio do Vouga: Havendo quatro evangelhos, há diferença ao nível da psicologia entre o Jesus de João e o de Mateus, Marcos ou Lucas?

Augusto Cury: Há várias versões, mas existe uma coerência que é impressionante. Em todos eles, Jesus trabalha a personalidade dos discípulos. Semeava neles as mais belas funções da inteligência. Trabalhou com os discípulos sem esperar o retorno imediato. Nos longos anos após a sua morte, a semente eclodiria e mudaria a paisagem do mundo. Sem uma comitiva, não se afastando mais do que 300 km da sua terra, sem ter um exército, uma equipa de marketing, chamou 12 discípulos, completamente “despreparados” para a missão, e gerou a mais excelente equipa de pensadores que mudaram a face do mundo.

São mais dois mil milhões de seguidores; e parte do globo que não o segue, respeita-o profundamente. Ele está no Alcorão, e o budismo – embora seja anterior ao cristianismo – é influenciado pelas suas ideias.

Correio do Vouga: Refere os seguidores de Cristo, mas nos seus escritos nunca fala da Igreja. Fala do fundador, mas não da comunidade.

Augusto Cury: Eu não tiro conclusões sobre a Igreja, porque o meu objectivo é ajudar as pessoas de todas as culturas, de todas as raças. Se me colocasse como cristão de uma religião específica, certamente fecharia as portas da compreensão para as religiões não cristãs. O meu desejo é levar as pessoas a perceber que a vida é um espectáculo único, por detrás da cortina da existência existe o autor da vida e esse autor um dia manifestou-se por meio do seu filho, andou nesta terra. Brilhou como nenhum ser humano brilhou. Amá-lo é um acto inteligentíssimo.

Sei que os católicos estão a ler em massa os meus livros e que muitos padres estão expandindo o número de adeptos nos templos porque têm usado não a grandeza do escritor, mas a grandeza do Mestre dos mestres, do mestre da vida, do mestre do amor.

Correio do Vouga: Há um terreno propício para os seus escritos?

Augusto Cury: Sim, porque há muita gente com conflitos emocionais. As pessoas querem recuperar a saúde psíquica, nesta socie-dade em que é tão fácil adoecer.A personalidade de Jesus estuda-se como qualquer outra da antiguidade?É completamente diferente. Jesus tem uma personalidade extremamente complexa. Ele gostava de saber o que os outros pensavam dele. Instigou os fariseus, perguntando, “quem dizem que é o Cristo?” Estimulava as pessoas. Um dia pergunta: “O que dizem as pessoas de mim?”

Ele não queria seguidores cegos. Queria pensadores que pudessem amar a vida e transformar a sociedade. Não controlava ninguém, nem usava os seus milagres para chantagear. Quando fazia milagres, dizia: “Não contem a ninguém”. E quando queria que o seguissem, convidava: “Quem tem sede venha a mim e beba”. Nunca na história alguém tão grande se fez tão pequeno, para tornar os pequenos grandes.


Correio do Vouga: Acha que a Igreja Católica apresenta bem Jesus Cristo à humanidade?

Augusto Cury: Acho que tem de haver mudanças importantes. Respeito os teólogos e os padres, mas acho que cada padre tem de ser eloquente nas suas homilias, vibrante, com um discur-so que encante as pessoas – como Jesus. O conhecimento da humanidade de Cristo devia fazer parte da formação de todos os líderes espirituais, em especial do catolicismo. Hoje, não se pode ser líder espiritual e não tocar em assuntos como a depressão, angústia, ansiedade, divórcio, dependência de drogas, timidez, insegurança. A sociedade está a adoecer.

Os líderes espirituais têm de conhecer aquele que atingiu o topo da saúde psíquica num ambiente altamente stressante. Por vezes, não percebem que o ser humano está a adoecer rapidamente. Nessa linha, vai o meu livro “Treinando a emoção”. Ser feliz não é um dom, é um treino. O “eu” tem de criticar o pensamento negativo, o pensamento antecipatório, o sentimento de culpa que rumina sobre o passado e esmaga o prazer de viver, o lixo que se acumula todos os dias na nossa mente.


Correio do Vouga: Os seus livros, mesmo quando não falam diretamente de Jesus, inspiram-se na sua mensagem?

Augusto Cury: Sem dúvida. Já referi “Treinando a emoção”, mas o mesmo se passa com “Pais brilhantes, professores fascinantes”. Bons pais dão presentes aos filhos. Pais brilhantes dão as suas historias, as suas lágrimas. Conseguem chorar deles e contar sobre os seus dias mais tristes e pergun-tar: “Filho, quais são as tuas experiências mais dolorosas, quais são os teus sonhos…” Bons pais dão manuais de regras, pais brilhantes vão muito além, ensinam os filhos a pensar. Bons pais preparam os filhos para o sucesso; pais brilhantes preparam os filhos para os fracassos, porque é nos fracassos, nas dores, nas perdas, que aprendemos as mais profundas lições.

Jesus Cristo ensinou os discípulos a lidar com a dor, os medos, a derrota. Preparou os seus discípulos para criarem no caos, a esperarem o mais belo amanhecer na noite mais tempestuosa.Se quisesse convencer alguém a deixar-se encantar por Jesus Cristo, o que lhe diria? Diria para analisar a personalidade de Cristo, sem medo."Jesus levou o Homem a sonhar"No livro “O Mestre dos mestres” faz afirmações como “Cristo, se vivesse hoje, abalaria os fundamentos da psiquiatria e da psicologia”…

Abalaria porque teve a coragem de dizer: “Quem tem sede venha a mim e beba”. No seu interior terão um prazer inesgotável. Que homem era este que tinha coragem de dizer que tinha a fonte da felicidade no seu mais alto nível, a fonte da tranquilidade: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”? Que psiquiatra teria coragem, hoje, de falar assim para os seus pacientes: “Aprendei de mim porque sou uma pessoa tranquila e vivo uma vida plenamente prazerosa”?

A proposta de Jesus levou o homem a sonhar com o mais elevado nível de qualidade de vida social e emocional.E que quer dizer com “Cristo perturbaria o sistema político”?Jesus Cristo não tinha uma equipa de marketing. Ele nem sequer dizia onde ia estar no dia seguinte. As pessoas ficavam tão extasiadas com o seu discurso. Era tão vibrante nas suas ideias, tão eloquente nos seus pensamentos que as pessoas diziam umas para as outras: “Nunca ninguém falou como este homem”.

Não era apenas pelos seus atos sobrenaturais, era pela grandeza das suas ideias. Will Durant, um autor norte-americano, diz que a Inglaterra demorou 800 anos até ter um Shakespeare. A França demorou 800 anos até ter um Montaigne. Nós, na América, não temos grandes filósofos porque temos de lavrar e terra, explorar as minas… Não tivemos tempo de amadurecer o pensamento americano. Ele tem razão nisso. Os americanos são templo da economia, mas não são templo da sabedoria.

Na época de Jesus Cristo havia fome e miséria. As pessoas não estavam interessadas em pensar, elas queriam comer o pão. Com base na tese de Will Durant, as ideias de Jesus Cristo seriam completamente recusadas. As pessoas deviam estar preocupadas com a sobrevivência. Mas quando ele falava, ficavam completamente estimuladas a pensar. Sonhavam com outras possibilidades. Jesus abria o leque da inteligência à arte de pensar.

A única vez que Jesus esteve acima dos outros foi na cruz, mas abalaria o sistema político porque o sistema de comunicação faria plantão 24 horas e a humanidade estaria clamando por ver um pouco das suas ideias.


Correio do Vouga: O que aconteceria hoje a Jesus?

Augusto Cury: Certamente seria assassinado. Seria muito mais famoso hoje, mas seria rejeitado porque as suas ideias não caberiam no nosso mundo. Ainda hoje custa a aceitar que uma prostituta tenha tanto valor como um rei. Um mendigo tenha tanto valor como um presidente da república. Ele deu status ao ser humano. .


Fonte: Correio Vouga - 12/01/2005